Quando os pacientes da
médica Dena Bravata, pesquisadora do Centro para Políticas de Saúde da
Universidade de Stanford, perguntavam-lhe quais eram os benefícios dos
alimentos orgânicos, ela não sabia responder com precisão. Foi daí que surgiu a
idéia de fazer uma revisão sistemática de todos os estudos relevantes sobre o
assunto. A conclusão foi que orgânicos e não orgânicos têm valores nutricionais
semelhantes.
Ou seja: ainda faltam
evidências científicas consistentes deque os orgânicos são mais saudáveis e nutritivos,
de acordo com os pesquisadores de Stanford. A pesquisa destacou, porém, que os
orgânicos apresentam risco 30% menor de contaminação por agrotóxicos. A
quantidade de fósforo nesses alimentos também se apresentou mais alta que nos
convencionais.
O estudo concluiu que as
duas formas de cultivo levam a um risco semelhante de contaminação por
bactérias patogênicas. A diferença é que nas carnes de frango e de porco
orgânicas havia menos bactérias resistentes a antibióticos.
A revisão levou em conta
237 estudos anteriores: 17comparavam a saúde de consumidores de orgânicos e de
não orgânicos e 223comparavam nutrientes e contaminantes dos dois tipos de
alimento (três deles combinavam os dois tipos de análise). Os resultados foram
publicados nesta semana no periódico científico Annals of Internal Medicine.
Uma limitação, segundo
os próprios pesquisadores, é a falta de estudos sobre os efeitos dos
agrotóxicos a longo prazo.
Segundo o médico Durval
Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), o estudo
reflete o que já era notado na prática clínica.
"Ao monitorar os
pacientes por meio de exames, nunca conseguimos detectar essa variabilidade em
relação às vitaminas e minerais dosados na corrente sanguínea de pacientes que
consomem orgânicos e não orgânicos", diz.
Mas ele observa que
aqueles que consomem orgânicos geralmente são os que refletem mais sobre o que
ingerem e, consequentemente, têm uma
alimentação mais saudável.
Para o médico, o
trabalho é válido por mostrar a importância de consumir vegetais
independentemente da forma de cultivo.
A nutricionista Norka
Barrueto Gonzales, professora do Instituto de Biociências da Unesp, observa que
a pesquisa aponta também para a maior concentração decompostos fenólicos na
cultura orgânica. Segundo ela,apesar de ainda não existir uma recomendação
oficial de ingestão desses compostos, vários estudos investigam sua ação
preventiva contra doenças.
Autora de um livro sobre
orgânicos, a nutricionista Elaine de Azevedo, professora da Universidade
Federal da Grande Dourados, pondera que o valor nutricional não é o único
parâmetro para avaliara qualidade do alimento e uma análise que só leve em
conta esse aspecto pode ser reducionista.
Segundo ela, já era
esperado que os orgânicos tivessem valor nutricional semelhante aos
convencionais. O grande diferencial dos orgânicos são os fitoquímicos presentes
em maior quantidade nesses produtos. "Eles não compõem o valor
nutricional, mas dão valor terapêutico, funcional."
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Saiba Mais...
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Convencional: Produzido com o uso de adubos químicos e agrotóxicos.
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Orgânico: Sem adubos químicos e agrotóxicos. Não é processado com radiação ionizadora.
Convencional: Produzido com o uso de adubos químicos e agrotóxicos.
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Orgânico: Sem adubos químicos e agrotóxicos. Não é processado com radiação ionizadora.
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Hidropônico: Produzido em estufas e com adubos químicos solúveis.
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Transgênico: Obtido por manipulação genética para aumentar produção, resistência a doenças ou agrotóxicos.
Hidropônico: Produzido em estufas e com adubos químicos solúveis.
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Transgênico: Obtido por manipulação genética para aumentar produção, resistência a doenças ou agrotóxicos.
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Integral: Sem remoção do conteúdo original e sem perdas nutricionais.
Integral: Sem remoção do conteúdo original e sem perdas nutricionais.
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Autor/Fonte: O Estado de São Paulo
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