Estudo publicado na revista Cell Metabolism demonstrou que a suplementação de cápsulas contendo
resveratrol induziu alterações metabólicas em pacientes obesos, semelhante aos
efeitos da restrição calórica.
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Os pesquisadores realizaram um estudo randomizado,
duplo-cego, cruzado e controlado por placebo com onze homens obesos. Os
participantes foram designados a receber 150 mg/dia de resveratrol, durante 30
dias e, ao término desse período, foi dado um intervalo de mais 30 dias para
receber o placebo por mais 30 dias. Os indivíduos foram avaliados no início e
no final de cada período de suplementação. Diversos parâmetros foram medidos,
incluindo índice de massa corporal, gasto energético de repouso, pressão
arterial, além de biomarcadores do metabolismo energético.
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A suplementação de resveratrol reduziu
significativamente (p = 0,007) a taxa metabólica de repouso, efeito semelhante
ao que ocorre quando há restrição calórica. Por outro lado, os pesquisadores
verificaram que houve aumento do metabolismo mitocondrial no músculo, o que
implica no aumento da queima de calorias, por meio da ativação das proteínas
AMPK (adenosina monofosfato quinase), SIRT1 (sirtuina 1) e PGC-1alfa
(co-ativador 1 alfa do receptor ativado por proliferador do peroxissoma).
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As concentrações plasmáticas de glicose e insulina
foram menores após a suplementação de resveratrol (p = 0,05 e p = 0,04,
respectivamente), sugerindo uma melhora da sensibilidade à insulina. O
resveratrol também reduziu as concentrações de triglicérides plasmáticos (p =
0,03). Além disso, foi capaz de diminuir o acúmulo de lipídios no fígado e
diminuiu os níveis de alanina–aminotransferase (ALT), com consequente melhora
da função hepática (p < 0,005).
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Os marcadores de inflamação sistêmica, incluindo
interleucina 6 (IL-6) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), foram menores
após suplementação de resveratrol, mas apenas o TNF-alfa foi estatisticamente
significativo (p = 0,04). Outro efeito importante foi a redução significativa
da pressão arterial sistólica em aproximadamente 5 mmHg (p < 0,05).
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Os pesquisadores também avaliaram o perfil de
expressão dos genes antes e após a suplementação de resveratrol. Foi utilizada
a técnica de microarranjos de DNA em biópsias do músculo, em que 469 genes
foram alterados pelo resveratrol, dos quais 219 foram aumentados e 250 foram
reduzidos. Dentre esses genes, houve aumento na expressão dos genes
relacionados com a fosforilação oxidativa mitocondrial, enquanto que os genes
relacionados com inflamação foram reduzidos.
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“Nosso trabalho demonstrou, pela primeira vez, os
efeitos benéficos do resveratrol em 30 dias de suplementação sobre o perfil
metabólico de homens obesos. Embora a maioria dos efeitos tenha sido modesto,
eles foram muito consistentes, apontando para adaptações metabólicas benéficas.
Além disso, não houve nenhum evento adverso com a suplementação”, argumentam os
autores.
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“Portanto, o resveratrol foi seguro e bem tolerado
na concentração testada. Estudos futuros devem investigar os efeitos em longo
prazo da suplementação de resveratrol, a fim de estabelecer se maiores doses
podem melhorar ainda mais as alterações metabólicas associadas com a
obesidade”, concluem.
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Referência(s)
Timmers S, Konings E, Bilet L, Houtkooper RH, Weijer T, et al. Calorie Restriction-like Effects of 30 Days of Resveratrol Supplementation on Energy Metabolism and Metabolic Profile in Obese Humans. Cell Metabolism. 2011; 14(5):612-622.
.Timmers S, Konings E, Bilet L, Houtkooper RH, Weijer T, et al. Calorie Restriction-like Effects of 30 Days of Resveratrol Supplementation on Energy Metabolism and Metabolic Profile in Obese Humans. Cell Metabolism. 2011; 14(5):612-622.
Fonte:
Nutritotal